O Caso Laura, de André Vianco

O livro tem como enredo principal a história de um detetive particular, Marcel, contratado por um homem que se mantém anônimo para investigar os encontros que Laura, uma mulher no auge de sua depressão por causa das inúmeras tragédias em sua vida, mantém com um homem misterioso, chamado Miguel. Como segundo plano, Alan, um policial vingativo da cidade que mata traficantes e assassinos antes mesmo de serem julgados, é investigado por Gabriela, que faz parte da Corregedoria do Estado. Alan recebe uma chamada para comparecer à cena de um crime onde uma jovem garota foi brutalmente assassinada e o policial parte em sua busca de vingança.

O caso lauraCom personagens carismáticos e bem construídos, narrativa sucinta, sem exageros e com parágrafos de tamanho adequado, é impossível não se prender à narrativa. André escreve de forma fluida e sempre deixa uma tensão ao final de cada capítulo, o que faz o leitor querer ler sempre mais. Recheado de enigmas, “O Caso Laura” vai agradar quem gosta de romance, como também um bom suspense policial e fantasia.

Impossível não roer as unhas e derramar algumas lágrimas nesse belíssimo livro. Com capítulos que criticam os supérfluos que sempre buscamos e outros que nos fazem pensar em como vivemos nossas vidas, a obra de André Vianco torna-se uma leitura que não deixa nada a desejar. Tornou-se um dos meus livros favoritos e recomendo a leitura à todos, com horas e mais horas de reflexão após o término.

O Jardim de Ossos, de Tess Gerritsen

Ossos desconhecidos, segredos não revelados e crimes não resolvidos lançam sombras ameaçadoras sobre o presente.

O livro tem duas linhas do tempo. Uma, atualmente, a recém-divorciada Julia Hamill acaba de se mudar para a casa de seus sonhos, uma mansão em um enorme terrreno. Tudo parece perfeito, até que, durante a reforma do jardim, Julian desenterra um crânio humano com indícios de homicídio. E o mais intrigante: a cova data do século XIX. A outra, se passa em 1830, quando o jovem estudante de medicina Norris Marshall é o principal suspeito das atrocidades cometidas pelo Estripador de West End. Na companhia do amigo Oliver e da imigrante irlandesa Rose, Norris parte em busca do homem mais perigoso de Boston, a fim de provar a própria inocência, visitando desde lúgubres cemitérios e salas de necropsia até elegantes mansões.

O Jardim de OssosA história do passado é muito mais usada no livro – algo em torno de três capítulos de 1830 para um capítulo atual. O mistério é desenvolvido lentamente, dando dicas para o leitor mas sem entregar sua solução, fazendo com que ao final do livro, o leitor já tenha acumulado muitas expectativas e nenhuma certeza.

O ritmo do livro é rápido, com uma escrita bem sucinta e personagens bem definidos. Apesar de serem muitos, fica impossível confundi-los. O livro também impressiona com os detalhes de medicina, nas partes de aulas de anatomia os detalhes são tão bem escritos, que parece que estamos olhando de frente as cenas.

Recomendo o livro para quem gosta de suspense policial e até mesmo romance. “O Jardim de Ossos” prenderá qualquer um até a última linha.

Separadas por quase dois séculos, as duas histórias se desenvolvem de forma precisa e instigante, conduzindo o leitor a um final tão chocante quanto engenhosamente concebido.

Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley

Ano 634 d.F. (depois de Ford). O Estado científico totalitário zela por todos. Nascidos de proveta, os seres humanos são pré-condicionados durante o sono desde quando nascem. Tanto o comportamento quanto a inteligência de cada um pode ser definida desde o berço. Cada um nasce em uma casta determinada na sociedade: os alfa no topo da pirâmide, os ípsilons na base. Achei curioso a frequência com que a droga “soma” é usada pela população. ADMIRAVEL_MUNDO_NOVO_1244513534PEla é distribuída pelo governo em doses convenientes para cada casta e sua principal função é fazer o usuário esquecer de seus problemas cotidianos e fazê-lo achar que leva uma vida boa.

Família, monogamia, privacidade e pensamento criativo constituem crime. Os conceitos de “pai” e “mãe” são meramente históricos e quando pronunciados em alguma conversa expressões de nojo e susto aparecem. Relacionamentos emocionais intensos ou prolongados são proibidos e considerados anormais. A promiscuidade é moralmente obrigatória, é bem visto uma mulher ter vários parceiros sexuais ao mesmo tempo. A higiene é um valor supremo. Não existe paixão nem religião. Mas Bernard Marx tem uma infelicidade doentia: acalentando um desejo não natural por solidão, não vendo mais graça nos prazeres infinitos da promiscuidade compulsória, Bernard quer se libertar. Uma visita a um dos poucos remanescentes da Reserva Selvagem, onde a vida antiga, imperfeita, subsiste, pode ser um caminho para curá-lo. Extraordinariamente profético, “Admirável mundo novo” é um dos livros mais influentes do século 20.

Achei incrível que nenhum personagem nesse livro foi totalmente explorado, seus pensamos, sua psicologia, seu modo de agir não foram muito explícitos, mas não por um erro. Aldous Huxley criou uma sociedade condicionada, onde todos os seres eram forçados a pensar de uma maneira desde o nascimento. Por isso não tinham personalidade, eram quase robôs no corpo de humanos. Bernard Marx e Lenina foram destaque nessa obra porquê se diferenciaram dessa multidão. Talvez por algum erro de nascimento in vitro ou algum outro fator que os influenciaram, mas por causa disso tinham certos pensamentos difusos, os quais fizeram criticar o governo e a rotina em que os cidadãos estavam presos.

“Admirável Mundo Novo” é uma obra atemporal e a cada vez lida uma nova interpretação irá surgir. Cada vez estamos nos aproximando desse mundo que o autor criou. Mais que um livro, essas páginas são um alarme, uma crítica para governos e mídias. Vale ser lido com calma e atenção em todas as fases da vida.

Ratos, de Gordon Reece

Gordon Reece nasceu no Reino Unido, estudou Literatura Inglesa e é autor de graphic novels e livros infantis. “Ratos” é o seu primeiro romance.

Shelley e a mãe foram maltratadas a vida inteira. Elas têm consciência disso, mas não sabem reagir — são como ratos, estão sempre entocadas e coagidas. Shelley, vítima de um longo período de bullying que culminou em um violento atentado, não frequenta a escola. Esteve perto da morte, e as cicatrizes em seu rosto a lembram disso. Ainda se refazendo do ataque e se recuperando do humilhante divórcio dos pais, ela e a mãe vivem refugiadas em um chalé afastado da cidade. Confiantes de que o pesadelo acabou elas enfim se sentem confortáveis, entre livros, instrumentos musicais e canecas de chocolate quente junto à lareira. Mas, na noite em que Shelley completa dezesseis anos, um estranho Ratosinvade a tranquilidade das duas e um sentimento é despertado na menina. Os acontecimentos que se seguem instauram o caos em tudo o que pensam e sentem em relação a elas mesmas e ao mundo que sempre as castigou. Até mesmo os ratos têm um limite.

Um livro misterioso, com poucas revelações durante os capítulos iniciais, mas que desde o começo tem um ar triste, melancólico. Narrado em primeira pessoa por Shelley, o livro é tão bem escrito que passa a impressão de  se estar sentado em um quarto escutando a história contada pela menina. “Ratos” foi o apelido que Shelley deu à si e a mãe, por estarem sempre fugindo e se escondendo. A mãe era uma advogada de sucesso, mas depois do divórcio passou a trabalhar como secretária em uma firma, ganhando mal para os casos que recebe. Shelley passou a estudar em casa graças ao intenso bullying que sofria. Após a grande reviravolta que as atinge, o livro ganha um ar de suspense e muitas vezes até de terror, sempre com o mesmo alto nível de escrita.

É um livro escrito com uma linguagem sutil, visto que a narradora tem 14 anos, mas muito pesado, o que às vezes até assusta quando Shelley fala algo forte e assustador, com uma linguagem tão inocente. É possível sentir o que Shelley estava passando, o medo, a raiva, a insegurança. Há também uma clara crítica social em relação ao fato de que estamos ficando cada vez mais individualistas, passando por cima do outro para alcançar nossos objetivos.

“Ratos” é um livro que irá agradar a todo tipo de leitor. Se você não gosta muito de terror, faça uma força, ele não está presente em todo o livro e vale a pena ser lido. É curto, apenas 238 páginas, mas ficará na memória por um longo tempo. Incrível ver como Shelley e a mãe passam de apenas Ratos para algo muito superior.

Um Cappuccino Vermelho, de Joel G. Gomes

Bom… um livro confuso, uma resenha confusa. Mas aqui vai:

João Martins é um escritor de não muito sucesso e está tentando escrever seu quarto romance. Neste, o personagem principal é Ricardo Neves, que também é escritor e amante de café. Ah! Sem esquecer, também é um assassino profissional. Ricardo participa de um “Grupo” – assim tratado no livro – que acredita que quando uma pessoa morre na verdade o assassino está ajudando-a, pois está a mandando para um lugar desconhecido e que, teoricamente, seria melhor que nosso mundo, que está horrível. Logo de início Ricardo recebe uma lista contendo cinco pessoas que são seus próximos alvos e, assim, a narrativa se desenvolve.

cappucinnoBom, enquanto Joel Gomes escreve sobre João Martins escrevendo seu quarto romance sobre o assassino profissional (?), a vida de Ricardo começa a se misturar com a vida de João. Tudo que João escreve em seu livro – o que acontece com Ricardo – passa a acontecer também com João, pois ele usou amigos como inspiração para os personagens de seu livro! Daí vem o subtítulo do livro O Destino escreve-se a si próprio. Agora João passa a temer sobre qual será o seu destino: levará a culpa pelos homicídios cometidos por Ricardo em seu livro?, até que ponto a ficção irá se misturar com a realidade?, deve ou não continuar a escrever o livro como pensou ou mudar, para assim, mudar seu destino?.

O livro é escrito em português de Portugal e não sei se foi editado para o português brasileiro. Porém não encontrei dificuldade nenhuma na leitura e a facilidade é a mesma, visto que a linguagem é bastante coloquial, como um livro para adultos no Brasil. O autor começou a escrever quando uma professora de Português o desafiou a escrever uma história de duas páginas. Entregou-lhe um maço de 18 páginas com direito a duas sequelas. Pois é.

Para a leitura, recomendo que já tenha a ideia bem separada de personagens, para não se confundir durante a história. A leitura ganha ritmo conforme avança, de início li dois ou três capítulos por dia e depois não queria mais largá-lo.

O livro pode ser encontrado aqui EM E-BOOK por esse preço de kibe + refresco. Para ler um e-book é preciso um aplicativo gratuito que pode ser encontrado no site da Kobo para ler no pc, celular, tablet e etc. Recomendo a leitura para aqueles que gostam de ficção com um pouco de mistério e romance policial.